Um pouco tonto, Mark senta-se na cama. Tenta recordar de algo que possa situá-lo, mas parece haver uma grande lacuna em sua memória. Levanta-se e anda em direção à porta. Ao apanhar a maçaneta, um pensamento lhe ocorre gerando algum receio: “E se estiver trancada...”. Destrancada. Mal há tempo para que a tensão seja aliviada e a ansiedade retorna. O que pode haver do outro lado? Evita refletir muito e a abre de uma vez.
Um corredor relativamente estreito com várias portas de ambos os lados. A mesma luz azulada iluminando o ambiente. Mark avança um pouco e três figuras saem de uma das portas. Não consegue vê-las direito, apenas suas silhuetas. Congela. Não sabe se deve retroceder ou caminhar ao seu encontro.
- Está tudo bem. Estamos aqui para ajudar.
Estão cada vez mais perto; se deve fugir, o momento é agora. De qualquer maneira, o que poderia fazer? Poderia voltar para o quarto e trancar a porta. Mas provavelmente deviam ter a chave. Agora estão próximas o suficiente para que Mark possa distingui-las melhor, e aquilo que vê o impressiona. Não sabe se estão envoltas por algum tipo de vestimenta especial ou se possuem uma pele completamente branca semelhante a uma espécie de látex.
- Não se assuste, senhor, estas roupas _ diz aquele que vai mais à frente, prevendo o pensamento de Mark _ são para evitar contaminações. Apenas uma precaução. Para proteger a nós e ao senhor.
- E por que haveria algum risco de contaminação?
- Devido à experiência, senhor, mas, como eu disse, é apenas uma precaução.
- Parem! – disse Mark estendendo as mãos para frente. – Nada disso faz sentido. Que experiência?
- Está tudo bem. É natural que não se recorde. Mas assim que fizermos alguns exames, poderemos explicar melhor as coisas.
Mark recuou um pouco à medida que os sujeitos avançavam.
- OK... está certo – disse baixando os braços. – Pelo jeito, não adianta mesmo tentar resistir.
Quando estavam as uns três passos de distância, partiu correndo, usando a explosão muscular de suas pernas e se chocando contra o indivíduo que vinha ao centro e o que estava a esquerda deste. Após o contato, desequilibrou-se um pouco, mas não chegou a cair; ao contrário dos outros dois que, pegos desprevenidos, tombaram ao chão.
É, enfim as incontáveis horas de condicionamento físico no CPTA haviam se mostrado úteis. Desceu em disparada a escadaria de madeira que dava acesso ao andar debaixo e, para o seu alívio, não encontrou mais ninguém. Ouvia o barulho dos passos apressados pelas escadas atrás de si, mas havia conseguido abrir uma vantagem considerável em relação aos seus perseguidores.
A porta que dava acesso ao jardim estava aberta. Mark não sabia o que poderia esperá-lo do lado de fora, talvez mais sujeitos como aqueles, ou cães, ou muros altos e portões trancados. De qualquer forma, a primeira etapa era deixar o casarão, e isso não parecia difícil. Estava quase alcançando a porta quando tombou desacordado ao chão sem motivo aparente.
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